segunda-feira, 20 de abril de 2009

Grandes Personalidades Femininas

George Sand, em torno da qual giravam:
Chopin, Musset, Vigny, etc.

Amandine Aurore Lucie Dupin, para se realizar profissionalmente, viu-se obrigada a adotar o masculino pseudônimo de “George Sand”. Talvez isso sirva de consolo às feministas mais radicais, pois, em “apenas” pouco mais de dois séculos já conseguimos assinar nossas próprias obras sem necessidade de recorrer a tais subterfúgios. Afinal, temos até representante na Academia Brasileira de Letras.
Mas, perdoem a divagação – não fora a coluna escrita por uma mulher e isso não aconteceria -, e voltemos à homenageada-póstuma da semana, Baroneza De Duvant, que teve a ousadia, em 1831, de proclamar a própria independência. Escrevendo por vocação mas, tendo que manter-se para sobreviver, utilizou artimanhas como vestir-se, denominar-se e portar-se como homem.
Na verdade, Aurore teve a oportunidade, já na pré-adolescência, de, vivendo no campo, encontrar à sua disposição vastíssima biblioteca, que devorou, sofrendo influência de personalidades como Byron, Rousseau (o maravilhoso Jean Jacques, sobre cuja obra ainda terei oportunidade de discorrer) Chateaubriand e outros, que exacerbaram sua vocação para a literatura.
Eclética, George Sand foi teatróloga, crítica literária e jornalista, celebrizando-se, entretanto, como romancista. Publicou Indiana em 1832, seguido de Valentine, Lélia, Jacques, Mauprat. Chegou ao ápice com Histoire de Ma Vie, onde destaca a importância de sua vivência e de seus casos sentimentais com gênios como Musset e Chopin.
Não prego a volubilidade para que a genialidade literária aflore, nem a dissolubilidade do casamento para a realização profissional, mas, especialmente considerando que ela estava sob a influência do Romantismo, “o mal do século”, não posso deixar de admirar a coragem dessa mulher que, numa sociedade preconceituosa, tolhida pelo casamento, pôs em jogo a própria honra para sua realização pessoal (se é que a conseguiu) e profissional (amplamente celebrizada).

*Publicada na Coluna Feminina ou Feminista, do Jornal de Atibaia, ed.semanal de 15 a 21 de março de 1980.


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