sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tolerância

O Passaporte da convivência

O ser humano, desde a mais tenra idade,é educado para viver em sociedade, caso contrário não conseguiria sequer sobreviver. E essa educação baseia-se em limites que lhe vão sendo impostos progressivamente: isto pode, aquilo, não; isto é bonito, aquilo é feio; isto é bom, aquilo é ruim.
Com o tempo acriança vai estabelecendo barreiras em seu comportamento, que amplia ao território social, aceitando os iguais e rejeitando tudo que for diferente. Assimila preconceitos, forma hábitos. E atira no inconsciente tudo que não reconhece em si mesmo como “bom” e “bonito”. Cresce sem aprender a conviver com sua própria “sombra”, que passa a projetar no(s) outro(s). E se torna intolerante porque não suporta ver-se a si mesmo como é, inteiro, nem tão bom, nem tão ruim.
Os grupos sociais repetem o esquema: fecham-se aos que têm outra religião, outro time, outra origem, outra cor, outro status. A intolerância passa a ser exercitada em todos os níveis, do familiar ao internacional e, como uma bola de neve, vai perigosamente aumentando...
Assim, a falta de compreensão entre os homens chegou a tal ponto que a própria ONU, preocupando-se com o problema, elegeu 1995 como o “Ano Internacional da Tolerância”.
Gostaríamos de celebrar o evento, pois sem tolerância não há paz nem liberdade. E o exercício dessa tolerância deve começar conosco mesmos, com nossos defeitos e limites, pois só nos aceitando como somos, estaremos livres para tolerar o barulho das crianças, a euforia dos jovens, as manias dos velhinhos, a torcida adversária, a carência dos fracos, a prepotência dos poderosos, etc...
De alguma maneira, durante a vida, apresentamos todas essas facetas e muitas mais, que só nós conhecemos, mas tentamos ignorar projetando-as nos outros. Toleremos para ser tolerados. Tolerar é amar a vida como ela é, é bem viver, é trabalhar para a paz entre os homens, é ter um passaporte para a convivência.

* Publ. in Jornal do Ypiranga, nº 70, junho/1995.

Nenhum comentário: