quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Andanças

Ontem prometi aos leitores(as) que hoje postaria uma crônica mais pé-no-chão a respeito de minhas vivências no Guarujá, onde cheguei há dois dias determinada a fazer deslanchar minha pesquisa sobre a mulher na filosofia. Como “promessa é dívida”, vou tentar fazê-lo, embora esteja meio sem inspiração devido a um ligeiro incidente que acaba de me tirar “literalmente” do ponto, mas que vou deixar para contar no final.

Pois bem, segunda-feira, precisando confirmar alguns dados para a bibliografia do trabalho sobre a mulher, decidi ir a pé até a Biblioteca da Cidade, distante pouco mais de dois quilômetros de meu apartamento. No caminho, cansada do assédio de um pedinte insistente e também para me esconder do ventinho gelado que golpeava a cidade, entrei numa padaria e me acomodei para comer alguma coisa “em paz”.

À minha frente, um casal me encobria do olhar vigilante do jovem pedinte que se encostara a um poste e cuja compleição estava mais para os conhecidos “trombadinhas” de São Paulo (sem preconceito). Com alívio, logo em seguida percebi que seu interesse se desviara incautamente para uma senhora de bengala, sumindo de minha vista em seguida.

Nesse ínterim, o casal abrira a janela de vidro que nos separava da rua, deixando entrar uma lufada de vento e passando a chamar em altos brados um homem de meia idade que havia descido de um utilitário, tomando goles de cerveja de uma lata que, ao ser esvaziada, foi abandonada no parapeito da janela que me ladeava. Pouco depois, o (in)digno cidadão se despedia da dupla, alto e bom som: “Se ela não quer ficar comigo, não precisa. Pode ficar por lá pra sempre. Mas dar bola pra outro, isso ela não vai nunca mesmo, que eu não sou corno. Tchau”.

Sem se dar conta de que incentivava uma possível violência, o casal deu seu evidente apoio, enquanto o “tio” engrenava o carro tomando outra cerveja: “É isso aí, tio. Você tá certo. Vai com Deus”. Apesar de deprimente, o episódio foi “um prato cheio” a quem se propõe a escrever sobre o tema. Até me fez esquecer do frio.

Antes de chegar à Biblioteca – que, a propósito não tinha sequer um dos livros que eu precisava consultar -, encontrei a senhora de bengala que dizia, rindo, a um casal de idosos: “Comigo é assim: escreveu não leu, pau comeu”. Pelo jeito, enfrentara nosso “amigo” insistente e levara a melhor. Estou pensando em adotar uma também, pra facilitar minhas andanças, pois, além de apoio, é uma boa arma de defesa. A propósito, na próxima crônica preciso lembrar de contar um “causo” engraçado, que me foi relatado por um motorista.

Luciana Gimenez fechou com “chave-de-ouro” o meu dia. Me explico: Lá pelas 23h30 da noite, depois de enfrentar minha decantada pesquisa por mais ou menos cinco horas seguidas, me estiquei na poltrona, imaginando descansar a mente, e deparei com a apresentadora, que dizia: - “Mulher é só emoção. Homem é mais razão. Mulher é um bicho esquisito”.(sic) Participando do programa, um convidado tentava argumentar: “Mulher e homem, todo mundo é razão e emoção”. Mas ela parecia não ouvir ou achou a expressão bonita, pois repetia: “Mulher é bicho esquisito. É só emoção”, enquanto ele voltava a afirmar: -“Não, homem e mulher é tudo a mesma coisa”. Ponto para os homens. Desliguei a televisão e fui deitar.

Ah, já ia esquecendo de contar o incidente a que me referi acima e o faço porque prometi, mas também para agradecer a proteção divina, pois a consequência foi menor que o susto. Direto ao assunto: Quando estou escrevendo, levanto várias vezes para descansar a vista e estirar as pernas. Numa dessas andanças pela casa, devo ter esticado as pernas um pouco além da medida, pois enlacei um fio inadvertidamente solto da parede e só consegui parar no fim do corredor, literalmente estirada (não precisava tanto). Antes de me estatelar no chão, ainda consegui colocar a mão na frente dos óculos, que ficaram ligeiramente tortos, mas não quebraram. Ufa! Fiquei com pena de minha neta Amanda, sempre com os joelhos esfolados (como dói!).

Com a cabeça e a mão (também) doloridas, pensei que não fosse dar conta da crônica que, afinal, acabou virando uma “ladainha” (pra compensar a postagem anterior, que só teve uma linha).

Namastê e até depois de amanhã, que ninguém é de ferro.

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