sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Café Filosófico

Numa dessas agradáveis manhãs de domingo, em que trancamos o estresse em casa para desfrutar de um descontraído encontro com amigos e, literalmente, jogar conversa fora, eu e meu marido nos dirigimos ao clube sem maiores pretensões e acabamos nos deleitando com um autêntico café-filosófico.
Éramos quatro à mesa num blá-blá-blá ao sabor do vento, quando alguém, gentilmente, nos ofereceu um café. Meu marido prescindiu: - “Pra mim não, obrigado”, enquanto eu informava que o meu era puro mesmo, sem mais nada. “É que eu já sou doce, brinquei”. Por sua vez, nossos amigos expressaram suas opções: um com açúcar e outro com adoçante: “quatro gotinhas, por favor”.
Quatro cabeças quatro sentenças, filosofamos em uníssono. Na simples degustação de um café, uma cabal demonstração da diversidade. Nossos sentidos reagem aos estímulos de diferentes maneiras, nossas mentes apreendem a realidade de acordo com nossa capacidade (ou vontade) de ver e ouvir, nossos músculos são pouco ou muito aptos para as atividades físicas, mas todos temos alguma “saída” filosófica, ainda que alguns tendam mais às grandes elucubrações.
Cada qual com seus gostos, seus interesses, suas paixões, seus sonhos. Cada qual com seus defeitos e virtudes, dificuldades e potencialidades, todos temos algo a oferecer, ainda que seja tão somente um sorriso ou um cafezinho. É por nossas particularidades que nos enriquecemos mutuamente, essa a grande sacada.
Somos seres complexos – e um pouco complicados, verdade seja dita -, mas somos iguais na diferença e essa é a nossa humanidade, sejamos homens ou mulheres, cultos ou analfabetos, ricos ou pobres, brancos, negros ou amarelos.

Publicado in Revista do Ypiranga nº 146, fev/abril/2009, pág. 5

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