domingo, 18 de outubro de 2009

O Caminhar

Todo caminho nada mais é do que um caminho, cabendo-nos a decisão de nele prosseguir ou abandoná-lo, quantas vezes necessário for. Importante, como alerta Carlos Castañeda, é decidir sem medo ou ambição e, se a opção for trilhá-lo, verificar se ele possui um coração.
Cada novo insight é uma etapa vencida que – embora todas se interliguem - representa um novo nível de consciência e liberdade (uma nova e mais apurada percepção da realidade) a ser compreendido e trabalhado enquanto durar a jornada.
Como regra, traçamos uma meta a ser alcançada a qualquer custo, sem nos atermos à importância de cada passo, à beleza das flores que enfeitam a estrada (Olhai os lírios do campo), suavizando o caminhar às necessidades dos companheiros, cujas dificuldades foram ou serão, provavelmente, as nossas em outro momento do percurso.
Literalmente, desembestamos, escorregando aqui e ali, e nos ferindo e sofrendo, na tentativa de derrubar os demais peregrinos, numa competitividade desenfreada e enceguecida por algo de cuja falta de sentido só nos conscientizaremos tarde demais.
Estar atento ao caminhar, aspirar o indefectível aroma das flores, sentir cada momento como se fosse o único, compadecer-se do outro-seja-ele-quem for, é a postura do sábio, que faz seu caminho ao andar, conduz seu auto-traçado destino suavemente e esculpe a vida até torná-la uma obra prima.

*Trecho do cap.5 (Insight ou emergência espiritual?), do meu (ainda inédito) Micro-Ensaio sobre a Consciência.

4 comentários:

Eugênia Pickina disse...

Querida Suzete, "Estar atento ao caminhar"... Às vezes pergunto-me sobre o sentido e deparo-me, novamente, com o "caminho"... Pôr-se em marcha, pedem os Espíritos de Luz. Sincera e alegremente render-se ao coração que guarda as latências e os segredos dessa nossa rápida estada na Mãe Terra... Adorei o texto. Está se tornando rotineiro eu me inspirar no seu Blog. Obrigada. Você é um Ser muito especial e expande, de forma sutil e sábia, a sua Amorosa Luz. Igualmente, que a Clara Luz cuide do seu caminhar, sujeito às tintas das metáforas. Um beijo. Eugênia.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia
Há vários anos, assisti uma palestra do Rabino Nilton Bonder a respeito do "seguir em frente" ou "pôr-se em marcha", como lembra você.
A palestra dizia respeito à Gande Metáfora sobre a Travessia do Mar Morto pelos judeus, que na sábia interpretação do Rabino era exatamente essa: quando você pensar que não há mais saída, siga em frente que o mar se abrirá e depois, ainda que você se sinta num deserto, estará a meio caminho para a Terra Prometida.
Que a Clara Luz cuide do "nosso" caminhar e nos ajude a entender a Grande Metáfora do Viver.
Beijos.

Eugênia Pickina disse...

Querida Suzete, a lembrança do "rabino verde", de quem gosto tanto, aclarou ainda mais o que tentei expressar, inspirada no seu texto... É isso mesmo: "seguir em frente", mesmo que as contingências "pareçam" impróprias ou infecundas... Não sei, mas sinto que viver é mesmo realizar os passos desse entendimento, que diz respeito à "Grande Metáfora do Viver". Adoro a maneira como escreve... Tem uma Alma sensível. Isso é caro, raro... Continue. Bjs. Eugênia.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia, amiga que já (ou desde sempre)é tão cara ao m/coração.
Escrever foi a metáfora que escolhi para o caminhar nesta dimensão (do tempo) ou, se preferir, metaforizar foi o caminho que escolhi para o (que me resta)"viver" por aqui.
Tentarei continuar, a despeito de mares e desertos contingenciais.
Seu incentivo faz a diferença.
Namastê.