terça-feira, 29 de junho de 2010

FECHADO PARA BALANÇO

Antes do advento dos Shopping Centers e da Internet no Brasil, era comum nos depararmos com tabuletas afixadas nos estabelecimentos comerciais com a informação: “FECHADO PARA BALANÇO”. Meus pais e avós, comerciantes na região do Ipiranga desde os anos 30, costumavam pedir a colaboração dos mais jovens, nesse controle (manual) das perdas e ganhos, em especial após fases de movimento mais intenso.

Estante por estante, procedíamos a uma faxina generalizada e contávamos a mercadoria, separando e remarcando preços nas peças que se adaptavam à segunda importante etapa da vida comercial - a “Queima de Estoque” -, preparatória de uma nova etapa: o lançamento das novidades que compunham a “última moda”. Meu pai, um exemplo de desapego de bens materiais, praticamente “torrava” algumas mercadorias para torná-las accessíveis aos mais desfavorecidos, chegando ao limite de distribuir-lhes, gratuitamente, alimentação e medicamentos, levando-nos quase à falência.

Interrompendo essas lembranças, Dona Nena, conselheira sempre atenta às minhas elucubrações mentais, insinua: - “Percebe a metáfora?”. – “Sim, querida, percebo. Após uma fase prenhe de intenso movimento físico e emocional ‘fechei para balanço’ meu estabelecimento intelectual, tentando ‘faxinar as estantes do self’ e separando dores para uma ‘queima do estoque de sofrimento’, como preparação de uma nova etapa.”

Nesse controle (mental) de perdas e ganhos, analiso os porquês (das perdas) e descubro minha própria participação nas situações – talvez um certo despreparo para enfrentar as peças que a vida nos prega. Assim, conclui ser de bom alvitre pedir ‘concordata intelectual’ para poder continuar a trabalhar e saldar as dívidas contraídas com a cultura de Paz que abracei. Não cheguei à falência, porque sei que posso contar com o precioso apoio de credor@s (leia-se leitor@s), que acreditam na potencialidade curativa da imaginação.

Enfim, esse ‘blá-blá-blá’ filosófico foi a forma que encontrei de pedir desculpas pelo semi-abandono a que ficou (uma vez mais) relegado o blog, premida que estive por circunstâncias que (quase) fugiram a meu controle. Reabro, pois, meu “estabelecimento cultural”, embora ainda sob ‘regime falimentar’ oferecendo humildemente a tod@s meus parcos conhecimentos. Quiçá as (tormentosas) experiências que vivi recentemente possam de alguma forma nos ser úteis a tod@s. Envidarei esforços nesse sentido.

Namastê.

7 comentários:

Anônimo disse...

Bem, se entendi direito:
VOCÊ VOLTOU!!!!!!
MARAVILHA!:)
Toda força,paz,saúde e energia para continuar, senhorita Suzete!

Um abração!
Camila V. :)

Robson Fernando de Souza disse...

Olá, Suzete. Há quanto tempo =)

Vi em um outro blog que vc tem um texto que fala sobre linguagem e gênero, datado de 8 de maio de 2009, mas não o achei no blog.

Sobre o meu blog, mudei-o pro Arauto da Consciência, o endereço é http://consciencia.blog.br/. Atualize no seu blogroll por favor.

bjos

Suzete Carvalho disse...

Olá, Camila
Você sempre entende direito, querida.
Estou tentando realmente voltar ao blog, mantendo uma periodicidade razoável entre as postagens. Espero que a 'roda viva' na qual estou envolvida o permita.
Só tenho a agradecer aos(as) leitor@s amig@s pelo incentivo e, especialmente pelos votos generosos.
Força, paz,saúde e um abração a você também.

Suzete Carvalho disse...

Olá, Robson
Há quanto tempo, mesmo. Prazer em recebê-lo novamente.
De fato, em maio de 2009 estive trabalhando sobre "linguagem e gênero" como preparação para um ensaio que estava escrevendo para uma Coletânea em parceria com mais de trinta estudiosas do tema. Na ocasião, se bem me lembro, informei a você que iria citar seu artigo sobre Androcentrismo naquele trabalho e o concretizei, o que consta inclusive na Bibliografia do ensaio "Mulher e Filosofia - Uma Visão Transdicisplinar", com que 'fecho' o livro.
Pois bem: a Obra está praticamente pronta, a Editora é a Rideel, o título é "Mulher, Sociedade e Direitos Humanos", com lançamento programado para o dia 26/08/2010 no Centro Histórico da Universidade Mackenzie.
Você já estava na lista das pessoas que eu pretendia convidar para a festa de lançamento, o que tenho o prazer de fazer de público, aproveitando para estender o convite aos(as) noss@s leitor@s.
Quanto ao seu novo blog, já o adicionei aos meus links, porém, por algum motivo que refoge aos meus parcos conhecimentos de informática, não consegui excluir o anterior. Então, até que alguém me socorra, você fica valendo por dois...(rsrs).
Abração.

Eugênia Pickina disse...

Graças Suzete pelo seu retorno... Compreendidas as razões e (des)razões das "peças da vida", que embora não consigam "nos matar", certamente nos "fortalecem", usando aqui a sentença de Nietzsche. Danke! Beijos e abraços.

Anônimo disse...

Olá, querida
"Se assim falava" o filósofo, quem somos nós para desmentir!
Assim, forças refeitas (ainda que em parte), continuemos, pois.
Ao Cosmos, resta agradecer e pedir que razão e inspiração retomem o comando sem se deixar subjugar pelas "peças da vida".
"Danke" também pelos seus perseverantes incentivos e vibrações.
Namastê

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia
Não sei por que mistérios cibernéticos minha resposta (supra) foi publicada como "anônima" (rsrs).
Beijos.
Suzete