terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sonhos de Verão

Os meses de dezembro e janeiro representam para os brasileiros em geral, homens e mulheres de todas as idades, um tempo de alegria. Festas, capitaneadas por Papai Noel e férias escolares regadas por muita água, salgada ou doce - que a nós a Natureza concedeu como um privilégio – são os pontos altos do verão tropical, cujas estrelas são as crianças e os jovens.

A chegada de um novo ano, por seu lado, traz a possibilidade de um mergulho mais profundo, no qual resgatamos e trazemos à tona nossa capacidade de sonhar. Assim, a simbologia do renascimento, representada solenemente nas comemorações do Natal, apresenta-se em toda a sua grandiosidade: a possibilidade de recomeçar, que a todo ser humano é dada. Essa é a crença que nos fortalece e nos permite prosseguir a jornada.

Ano após ano, o ritual se repete. Sonhos frustrados renascem em toda sua potência, mas... vão se esvaindo paulatinamente, soterrados pela realidade, pela opressão do cotidiano. Como me disse há anos um amigo querido, o dramaturgo Luiz Carlos Cardoso: “Porque somos assim?”. O que não nos permite perpetuar esse estado de Graça em nossa vida e relacionamentos?

Consulto minha conselheira Dª Nena que, sempre disponível a uma boa reflexão, não se faz de rogada: “Sua preocupação é válida, filha, mas o assunto é muito complexo para ser debatido em uma simples crônica. Envolve aspectos desafiadores, como os condicionamentos culturais, o individualismo e a inversão de valores, o consumismo...” – “Pensei que você tivesse alguma resposta mais objetiva”, retruquei desconsolada.

Com um sorriso complacente, Dª Nena ponderou: “Não há como ser objetiva, em questões subjetivas. Talvez a graça, para a maioria das pessoas, esteja exatamente nisso: Aproveitar o verão para curtir as dádivas da Natureza e, porque não dizer, desfrutar os prazeres que sua situação econômica lhes oferece, sem se dar ao trabalho de grandes reflexões. Afinal, é tempo de férias e alegria, como você mesma disse”.

“Você tem razão”, respondo sem muita convicção, “mas, e quanto aos sonhos nunca postos em prática?”. – “Será que sonhos existem para ser postos em prática ou para manter nossa ilusão?” - “Ah, será que isso tem a ver com ideia hindu de Maya, a Grande Ilusão?”. – “Você não se emenda”, replica a sábia senhora, encerrando a conversa.

Então, para não perder a deixa - na verdade meu objetivo desde o início - , aproveito para apresentar a todas as pessoas que se dignarem a ler esta crônica, meus votos de sonhos alvissareiros e de que a alegria das Festas as acompanhe por todo o decorrer de 2011.

* Pub. in REVISTA DO YPIRANGA, ed. nº 153 – Nov/dez/2010 – pág. 13

2 comentários:

Eugênia Pickina disse...

Querida Suzete, seu texto, mesmo ao sabor das festas e férias, convidam à reflexão... Sim, os sonhos retornam e para nos estimular o melhor em nós - seja a bondade, o otimismo, a esperança, a nossa capacidade de, renovando-se, e em especial nesta época, pretender, novamente, justificar nossas fugazes existências. E que a vida a abençoe neste Ano Novo. Feliz Natal e bom descanso... Beijos

Suzete Carvalho disse...

Olá, Eugênia
Que a vida nos abençõe a tod@s, concretizando nossos sonhos mais recônditos e renovando nossa capacidade de trabalho e amor.
Sigamos, pois, com esperança.
Bjo. Namastê.