sábado, 12 de fevereiro de 2011

Andanças e Mudanças

Desde criança, sempre senti uma atração irresistível por temas que dizem respeito à alma, à psique, ao espírito, ou o nome que quiserem dar àquilo que temos de mais sutil, de mais profundo, embora tenha consciência de que o corpo é importantíssimo nesta nossa travessia pela dimensão do tempo ou como dizem os espíritas e budistas, nesta encarnação.

Religiões à parte, o fato é que neste mundo, queiramos ou não, a única certeza que temos é a de que nada é permanente, a vida é puro movimento – ondas que se criam e se desfazem o tempo todo e, portanto, como dizia o poeta, “navegar é preciso”. Navegar por esses mares revoltos dos relacionamentos, seja conosco mesmos ou com todos aqueles que fazem o nosso entorno, companheiros de jornada na Terra.

É necessário saber mudar, ampliar nossa visão, encarar novos desafios, ter coragem de superar o medo que temos de perder aquilo que acreditamos possuir, vale dizer, os apegos que nos encarceram num mundinho “só nosso” e que são responsáveis por tantos sofrimentos desnecessários que carregamos vida afora.

Não por outro motivo, quando estamos estressados, os médicos nos aconselham a “mudar de ares”. A propósito, Dona Nena é mais direta quando percebe que alguma preocupação começa a me atormentar: “Vá dar uma volta, minha filha, não há melhor remédio p’ra arejar a cuca. Ah, e antes de sair, não esqueça de jogar seu problema no saco de reciclagem”.

Não sou tão ingênua a ponto de pensar que reciclar nossa mente e nossos condicionamentos, enfim, nossos problemas, é muito fácil, mas tento obedecer minha sábia conselheira na medida de minhas possibilidades e -, grata surpresa! -, muitas vezes volto para casa renovada e pronta para encarar as mudanças necessárias.


* Publ. in "Coluna da Suzete" do Jornal Gazeta do Ipiranga, edição de 11/02/2011, pág.B-2.