quarta-feira, 11 de maio de 2011

Acolhimento e Cultura

Adoro desafios, especialmente aqueles relacionados com o que mais gosto de fazer além de ler: escrevinhar sobre a experiência humana. Assim, nada me causa mais deleite do que ‘agarrar’ um tema e esmiuçá-lo, extrair-lhe os possíveis significados e fazê-los ‘dançar’ ao sabor das circunstâncias e das necessidades da alma.

Assim, aceitei como provocação pessoal a sugestão de uma das participantes do evento “Um pouco de Poesia nas Agruras do Dia a Dia” que a AFPESP proporciona mensalmente a seus associados da Capital - e que neste mês de junho está completando 4 anos -, de que as impressões causadas pelo enriquecedor diálogo ali desenvolvido (que o educador Hosaná Dantas, idealizador e coordenador do “Agruras” propõe como um humilde “jogar conversa fora”) merecia ser registrado por escrito, embora “talvez não comportasse uma crônica”.

O encontro capitaneado por Hosaná e pela Coordenadora de Cultura da Associação, Magali de Barros de Oliveira, tem o condão de, a partir de uma poesia – às vezes de conteúdo à primeira vista quase simplório, como foi o caso - , permitir aos participantes embarcarem numa deliciosa ‘viagem’ sócio-cultural, proporcionando algumas visões panorâmicas sobre as mais variadas questões.

Tendo como ‘ponto de partida’ o poema “O menino doente”, de Manuel Bandeira, navegamos pelos mares do “amor materno” e do “acolhimento”, passando pela literatura e pela importância do lúdico na educação e na vida, nos achegamos a arrecifes que requerem maior atenção como a “condição feminina”, rumando suavemente mar adentro para temas tão profundos como “projeção” e “espiritualidade”, numa vivência cultural intensa e abrangente.

O acolhimento carinhoso por parte dos responsáveis pelo evento permitiu, no dizer da ativa participante Sílvia, que nos “sentíssemos inteligentes” e que o diálogo fluísse espontaneamente entre risos, abraços e fotos, sem que nos déssemos conta da passagem do tempo. Destaque ainda para a aniversariante Hertha e suas ‘agruras’ para não perder o encontro e para a gentileza de Alfa, que ofereceu o livro “Você é o autor da sua história”, de Steve Chandler, para ser sorteado entre os participantes.

O autor ‘abre’ o livro (que, haja sincronicidade, tive a sorte de ganhar) com uma frase de Nietzche: “E os que dançavam foram julgados loucos por aqueles incapazes de ouvir a música”. Com razão o poeta Pessoa: “Navegar é preciso”, pois ainda há muitos mares a serem desbravados.


*Publ. in Folha do Servidor Público nº 222, Maio/2011, pág. 11.

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