sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Arte de (se) Irritar

Suzete Carvalho*
Considerando que o computador é meu instrumento de trabalho, tenho por hábito ‘bater os olhos’ nas chamadas da home page da Uol para me manter atualizada , até porque já não disponho de tempo para esmiuçar as notícias dos jornais e, seja dito a bem da verdade, de paciência para assistir (ou ouvir) aos noticiários de rádio e televisão.
Além dos intermináveis anúncios (ah, esse Mundo de Mercado), o que muitas vezes me deixa indignada, entre (várias) outras coisas que o espaço não me permite aprofundar, são as derrapadas – em geral eivadas de preconceito – de alguns apresentadores que se supõem ‘donos da verdade’ em todas as áreas, sem ter a menor noção das reais questões sociais que nos atormentam.
Enquanto procurava um mote para esta crônica, estava exatamente pensando a esse respeito, quando deparei com uma chamada para a postagem (04/07) “A Arte de Irritar” do blog de André Piunti. Devo ter sido sempre muito contestadora, pois a mera menção da palavra “irritar” teve o poder de despertar em mim a lembrança (com perdão do trocadilho) de minha mãe dizendo: “Tem tanta coisa que te irrita que se você não parar com isso vou te chamar de Rita”.
Hoje, minha neta Amanda, de oito anos (a mesma idade que eu deveria ter àquela altura), usa uma expressão mais condizente com os novos tempos. Ao ler minha crônica “Ora, minha senhora”, na qual narrei um episódio em que um ‘machista de plantão’ insinuava que as mulheres eram mais fracas do que os homens, exprimiu sua indignação com um sonoro “Quem disse?!”.
Sinal dos tempos. Novos tempos, em que todas as pessoas teem o direito de participação - sem distinção de idade, sexo, cor da pele, etc -, expressando alto e bom som suas opiniões, descontentamentos e opções. Tempos alvissareiros que se abrem ao diálogo entre todos os parceiros e parceiras sociais, pois, de alguma maneira cada um(a) de nós tem algo a oferecer para o aprimoramento relacional da sociedade. Basta ter coragem e não se omitir.

Publ. in Gazeta do Ipiranga, 08/07/2011, pág. E-6.

6 comentários:

Anônimo disse...

Quem disse?!?
Bela sacada da Amandinha!!! Esta crônica me lembrou de algo muito interessante que vem ocorrendo nas redes sociais: as pessoas estão se permitindo expor suas opiniões com muita naturalidade, algo que antigamente era mais velado e atingia um público bem menor. Hoje, reparo que a informação tem a velocidade da luz, vocês escreve e com apenas um o click no botão enviar, centenas ou até milhares de pessoas vão compartilhar a sua opinião. Neste caso, “a arte de me irritar” está na maneira banal com que muitos expõem seus pensamentos: ora reclamam do frio ou do calor, ora do preço do combustível e do ministro corrupto e ainda dão palpite sobre Belo Monte- mas nem imaginam onde fica Belo Monte-, enfim um monte de “achismo” no mundo virtual para pouca atitude na vida real.
Catarina

Suzete Carvalho disse...

Olá, Catarina. Seja bem-vinda. Seu comentário ampliou meu post com o 'toque' que faltava, pois, infelizmente,nas redes sociais a maioria das pessoas expressa o que lhes vem à cabeça sem exercer sua consciência crítica (se é que a teem)e acabam por nos irritar. É como você diz: muita banalidade, pouco interesse em aprender; muito achismo, pouca atitude. Seja como for, estamos todos praticando uma outra arte: a do diálogo.
Abração.
Suzete

Anônimo disse...

Oi Suzete
Tenho algumas "vivências" nas redes sociais e percebo tipos de personalidades: 1) aquele que fala sozinho, não aceita comentários e te corta da rede quando vc contesta uma opinião: 2) os que estão para por fogo no pedaço, sem medir as consequências: 3) os politicamente corretos, que só espiam os perfis alheios sem dar pitacos; 4) os que dão pitacos em tudo, até sem conhecimento das questões; enfim - o mundo virtual vem com força mostrar como somos e como tratamos uns aos outros. #MEDO
Bjos
Maristela Ajalla

Suzete Carvalho disse...

Oi, Maristela
Saudade!!!
Interessante sua análise sobre as 'personalidades navegantes' nas redes sociais, mas acho que você não se encaixa em nenhuma delas, "twiteira" consciente que é.
Continue, pois... e volte sempre, que seus comentários fazem a diferença.
Beijocas.
Namastê.

Anônimo disse...

Gostei do texto !

diniz junior

Suzete Carvalho disse...

Olá, Diniz. Que bom que você (re)apareceu por aqui. Também gosto de seus textos, bem mais poéticos e menos prolixos do que os meus. Grande abraço.