sexta-feira, 11 de novembro de 2011

As Redes Sociais

Nasci ao alvorecer da 2ª Guerra Mundial e, feliz ou infelizmente, minha geração não chegou a ser “bombardeada” pelas terríveis imagens que a barbárie humana produziu então. A tecnologia, ainda em seus primórdios, não nos dava conta em tempo real dos acontecimentos distantes, como hoje, e quando as informações nos chegavam, vinham amenizadas pelo tempo, pela distância e pela censura.
Assim, minha geração (pós guerra), ainda que sofrida, de alguma forma acabou sendo preservada do desencanto que a loucura coletiva planta em nossa visão da vida e do ser humano. Nas minhas sete décadas de vida, seis das quais passadas aqui no Ipiranga, as guerras e revoluções sociais - exceção feita aos “anos de chumbo” da ditadura militar - acabaram tendo menos impacto do que a revolução tecnológica.
Todas essas considerações vieram à minha mente, dia desses, quando ouvi de uma senhora de meia idade, a quem foi perguntado se possuía algum endereço eletrônico para contato: “Eu sou jurássica. Não tenho essas coisas de e.mail, orkut, facebook.”
O fato é que, atualmente, a Internet e suas redes sociais transformaram a tal ponto nossas noções de tempo e espaço que as pessoas que não estão conectadas acabam por sentir-se perdidas, como se estivessem ainda no tempo dos dinossauros.
Parece-me, porém, que esse é um falso problema, pois, por maior que seja o alcance do mundo virtual, a importância do toque, do olhar, da presença física no mundo real e seus relacionamentos concretos, sejam de amor ou e ódio, jamais será suplantada.

Publ.na Coluna da Suzete da Jornal Gazeta do Ipiranga, ed. de 11/11/2011, pág.D-6

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