quinta-feira, 19 de abril de 2012

De que vale

De que vale
cantar odes
à beleza
da lua
se sequer
vemos
a profunda
tristeza
no olhar
de uma
criança
de rua...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Quem pode pode

Quem está fora
não entra
quem está dentro
não sai
quem se queixa
é abafado
e não escapa
ninguém
quem pode
pode e não deixa
que alguém
ameace o centro
do poder consolidado.

Para Manoel, data venia

Sem pretender
Deus me livre
de poeta
dar bandeira
também me vou
pra Pasárgada
muito embora
eu não seja
amiga do rei de lá
vou levar a
a minha rede
meu violão
vou levar
vou fazer uma canção
pra dançar rir
ou chorar
mas se não adiantar
quando eu estiver
mais triste
a ponto de me matar
deito na beira do mar
mando chamar Yemanjá
para humilde lhe contar
que lhe dediquei um conto
para a homenagear.

*O conto a que me refiro, “Um corpo na praia”, será publicado na Antologia “Nossos Autores”, a ser lançada pela Editora Scortecci na Bienal de São Paulo em agosto de 2012.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

DANÇANDO NA CHUVA

Semana passada, numa dessas tempestades de fim de tarde, embora eu estivesse a poucos metros de casa, fiquei um bom tempo esperando a chuva amainar para, simplesmente, atravessar a rua.
Pouco mais tarde, ao ligar o computador, deparei com o vídeo da famosa cena de Gene Kelly em “Cantando na Chuva”, que alguém postara em meu facebook e que me fez lembrar de uma deliciosa experiência da adolescência em que, voltando com meus pais de um passeio ao Forte de Itanhaém, fomos surpreendidos por uma chuva torrencial.
Meu pai, que havia assistido ao filme e ficara encantado com a performance do ator, sugeriu, sonhador incorrigível que era, que não ficássemos aguardando a tempestade passar, mas, ao contrário, fizéssemos a pé o percurso de volta ao centro da cidade: “Que tal irmos cantando e dançando na chuva?”.
Fascinadas com a ideia, eu e minha irmã disparamos na frente, com medo de que meu pai sucumbisse aos protestos de minha mãe, que de tão preocupada se esquecera de que ninguém nos conhecia na cidade: “Não tem cabimento! O que as pessoas irão pensar?”.
Voltando ao facebook, descubro que outra pessoa sugerira à reflexão a seguinte frase do filósofo Nietzche: “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”.
“Haja sincronicidade!”, filosofei com meus botões. Pois bem, a principal lição que, extraio dessas “coincidências significativas” e que gostaria de compartilhar com os leitores e leitoras, é a de que por termos sido tão condicionados(as) pela cultura a nos preocuparmos “com o que os outros pensam” (se é que pensam), não percebemos que nossa liberdade é tolhida exatamente pelas pessoas que não conseguem “escutar a música” que alimenta nossos sonhos.
Afinal, no fundo, no fundo, quem não gostaria de sair dançando e cantando na chuva?

Publ. hoje na “Coluna da Suzete” do Jornal Gazeta do Ipiranga, pág. D-4.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Medo primordial

“Uivos doloridos
de um cão ferido
evocam sensações
arquetípicas do
medo primordial
ecoando na noite
da alma.”

Publ. hoje em m/facebook.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Doze haicais

1)
“Raios de luz
entre sombras seccionam
a escuridão”

2)
“Passos no tempo
passado e presente
ser no futuro”

3)
“O caminho é
único mas as trilhas
são inúmeras”

4)
“Os detalhes são
sincronicidades do
cotidiano”
5)
“Repensar cada
pensamento até que
a luz se faça”

6)
“Preconceitos são
metástases no corpo
da sociedade”

7)
“Ah esse Ego
que não nos permite ver
nosso entorno”


8)
“Nunca discuta
com leigos seja qual for
sua profissão”

9)
“Louco azáfama
na ânsia de chegar
a lugar nenhum”

10)
“Formas nada mais
são do que ilusão dos
nossos sentidos”


11)
“Passo a passo
recompomos da vida
os descompassos”

12)
“Uma página
em branco é apenas
página morta”

Publicados também, em diferentes datas, em m/Facebook.

sábado, 7 de abril de 2012

Agora

Dia após dia
Hora após hora
Caminhei
Mundo a fora
Para enfim
Descobrir
Que o lugar
É aqui
E o momento
É agora.

Publ. hoje em m/facebook.

Para PESSOA

Perdi-me
De mim mesma
E o navegar
Se me tornou
Impreciso.

Postado hoje em meu Facebook.