terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mariazinha

Seu nome é Mariazinha, mesmo, ou é Maria? É Mariazinha, porque o pai diz que Maria, só a mãe de Deus. Ah, ele que escolheu seu nome?Então, ele deve ter ficado muito feliz por ter tido uma filha mulher, não é? Né, não.Pai ficou é bravo.Ele diz que mainha é só parideira de filho mulher. Mas quem dá o sexo para os filhos, é sempre o homem, Mariazinha.Todo pai tem duas sementinhas, uma azul e uma cor-de-rosa.Se ele põe a sementinha cor-de-rosa na mãe, nasce uma menina.Conte isso pro seu pai. Vixi, doutora, conto não!Lá em casa, cor-de-rosa e culpa é sempre coisa de mulher.Se eu conto, a mãe vai ficar “culpada e apanhada”...




sc/

Da série “Microcontos Macrorrealistas”.



O conto foi inspirado em depoimento da ginecologista e escritora Dra. Albertina Duarte - cujo trabalho com adolescentes tem repercussão internacional, levando-a a ser indicada ao Nobel da Paz -. (evento “Mulheres que Constróem” -, promovido pelo IBRADD em SP, em 27/08/2012).



domingo, 26 de agosto de 2012

Por vezes


sou hidrogênio

em fusão

sou hélio

sou parte

de um processo

de alquimia

sou estrela

branca anã

sem acesso

com reveses

de explosão

radiativa

de implosão

de emoções

vácuo quântico

a voltear

buraco negro

eis o que sou

por vezes.



Sc/

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Haiku do dia




“Se você não tem

asas use a sua

imaginação.”



sc/



A mim apenas me cabe transcrever esse e outros conselhos poeticamente soprados na calada da noite por m/daimon...



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Haiku do (meu) momento


“Palavras também

são armas e seu uso

requer cuidado.”



Publ.em 17/08, em m/Mural no facebook, o haiku me permitiu mediar interessante debate entre os amigos, que enriqueceram os versos com sua experiência e sabedoria.

Assim, a Professora/Escritora de Aracaju, Lilian Farias, lembra que as palavras podem ser ferramentas ou armas; o Representante Comercial Catão Montez Neto (com vasta experiência em Farmácia) propõe a Consciência como o melhor remédio; a Jornalista Maristella Ajalla acredita no “kokotama” japonês (espírito da palavra); o Advogado José Augusto Brito (Guto Brito para @s amig@s) acrescenta que as palavras têm alma; o Escritor José Santana Filho lembra que as palavras podem ser navalhas ou balas de bacuri (cupuaçu), “boas de degustar”; O Professor Targino José da Silva se refere à importância das palavras na Educação Infantil e, enfim o Médico e ex-Secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Dr. Álvaro Gradim, sugere que “é melhor ficar calado do que expressar o real sentimento do momento”.

Namastê a tod@s.



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Haicai do dia




“Que o ego não

nos transforme em seres

alienados.”



Publ. em (e por causa do) facebook.

domingo, 12 de agosto de 2012

Simplicidade


simpatia

(semblante sorridente)

serviço

sensibilidade

silêncio

solidariedade

são de sobejo

sem segredo

sempiternos

sopros

da sabedoria.



Substratos

sublimes

da senda

da santidade

são simples

sugestões

significantes

sem sofismas

ou sortilégios

a salvaguardar

a sacralização

do Ser.



sc/







sábado, 11 de agosto de 2012

COLUNA DA SUZETE


Santa Paciência



Paciência não é o meu forte. Estava exatamente pensando nisso, dia desses, quando deparei na rede social com uma bem-humorada metáfora que recomendava o uso de um hipotético remédio para o problema da impaciência, o “Tolerato de Paciência, 500 mg, uso oral”, que me inspirou a escolher o tema para a crônica deste agosto que, espero, já tenha superado a aura de “mês de cachorro louco”, como diziam meus avós.

Me ocorre ainda lembrar o dito popular que afirma que “de médico e de louco, todos temos um pouco”, daí porque estamos sempre a diagnosticar problemas e prescrever soluções para as loucuras da sociedade e, por que não dizer, às nossas próprias insanidades. Haja paciência!

Pois bem, comentando que estava interessada no assunto, alguém me sugeriu assistir ao vídeo “Terça Insana, Santa Paciência”, uma apresentação irreverente e ensandecida da paciência, ali personificada em ambígua santidade. “Vade retro”, pensei, “paciência é uma virtude a ser exercitada (ao menos assim me foi ensinado) e somente uma aliada da Santa Ignorância poderia dizer tanta blasfêmia (embora eu deva confessar que dei algumas risadas).

Nesta altura da crônica, minha conselheira Dª Nena resmunga: “Você está me deixando impaciente!”. Então, trato de ir direto à pergunta que não quer calar: Afinal, será que há alguém tão virtuoso que não perca a paciência no trânsito caótico da hora do rush, numa daquelas intermináveis filas de banco, de ônibus, de um Pronto Socorro Público ou no empurra-empurra de uma estação de metrô?

O fato é que, sabemos todos, filas de espera não são o único problema a requerer nossa mais santa paciência, muito ao contrário. Pessoas e situações do cotidiano conseguem, literalmente, nos “tirar do sério”, testando nossa capacidade de tolerar as mazelas políticas, nas quais se incluem todas as questões sociais, das familiares às associativas e até mesmo, seja dito a bem da verdade, as religiosas.

Enfim, a meu ver, virtudes como a paciência devem, sim, ser praticadas, desde que seja preservado nosso direito à indignação diante de atitudes presunçosas, antiéticas e discriminatórias que se propagam na coletividade dificultando o conviver.



Publ. no Jornal “Gazeta do Ipiranga”, 10/12/2012, Caderno D-8.

terça-feira, 7 de agosto de 2012