terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Quero fazer




Quero fazer

a minha parte

até o último

momento

com lucidez

com arte

e ao menos desta vez

com mais atrevimento.

Quero fazer

o meu momento

com amor e paz

agradecendo a todos

filha amigos e netos

companheiro

e desafetos

e doando à reciclagem

toda a amostragem

que ficou lá atrás.

Quero fazer

do amor

um baluarte

a minha luz

a minha vida

superando

toda a dor

que nela possa

estar contida.

Quero fazer

o que não fiz

por medo ignorância

ou condicionamento

pois é chegada a hora

de apenas ser feliz

os bons frutos (re)colher

preparar a travessia

sem grande correria

polinização

ultimando

para se acaso houver

uma outra...

encarnação.

Enfim eu quero fazer

um botão de lótus

uma aurora

da vida

que me resta

quero fazer do agora

uma grande Festa...

de despedida.



sc/18/12/2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

Haiku do Ano




“A História sem

Memória é cultura

Manipulada.”



sc/15/12/2012

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

“A líder (hoje talvez a chamassem bispa) era muito severa. Durante as orações não era permitido atender a chamados/portas/campainhas/telefones. “O Senhor vem em primeiro lugar”, explicara às amigas fiéis, que se reuniam semanalmente em sua casa. Naquela tarde, o telefone soou insistentemente no outro cômodo, mas a senhora lançou um olhar de advertência à plateia (sim, ela necessitava plateias) e deu início ao Cântico de Aleluia, com voz estridente, para abafar o ‘ruído’. Ao término da reunião, deram Graças à misericórdia divina e passaram à sala contígua, para um chazinho com fofocas, digo, com biscoitos. A viúva (sim, a líder era viúva) ligou o aparelho de som, colocou uma música de louvação e, discretamente, acessou a secretária eletrônica do telefone, de onde a voz cada vez mais fraca de sua única filha se fez ouvir: “Mãããe, socorro, acho que estou tendo um in.. far.. tooo”... Hoje, toda vez que houve o som da campainha ou do telefone da Casa de Saúde onde vive há duas décadas, sem que jamais alguém a tenha visitado, a velha senhora põe-se a gritar: “É ela, é ela!”.”




sc/07/12/2012. Da série “microcontos macrorrealistas”.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

PALAVRAS AO VENTO




Palavras ao vento

se perdem

em meandros de

egos cegos

labirintos

de incompreensão



Mais apropriado

suponho então

seguir instintos

forçá-las a soprar

noutra direção

quiçá dar de ombros



Buscar outra fonte

em desvio de jornada

escrevinhar ao léu

ao sabor da maré

navegar mar a dentro

esconder-se nas brumas

sumir no horizonte.


Escrito em janeiro/2012 e publ. hoje na Página NOVA ELEUSIS que mantenho no Facebook.

Haiku do mês




“Conecte-se ou

os deuses não ouvirão

sua oração.”



sc/03/12/2012