COLUNA DA SUZETE
Invasão de privacidade
Suzete Carvalho*
Semana
passada, logo após eu haver lido uma matéria de Marion Strecker na Folha de
S.Paulo (1º/04, Cad.F6) a respeito do aumento de links maliciosos, intitulada
“Traição”, deparei com uma matéria veiculada nas Redes Sociais a respeito da
invasão de hackers a sites de importantes Bancos brasileiros, como o Banco do Brasil, o que me fez lembrar de um
fato ocorrido comigo já há algum tempo.
Embora eu
sempre tome todas as precauções para me proteger (e aos meus escritos) desses
ataques, um vírus conseguiu entrar em meu computador – nem imagino como – e
encaminhou um e.mail vulgar a todas as pessoas e instituições que faziam parte
de minha agenda pessoal, inclusive algumas autoridades com as quais, em algum
momento, mantive relações de trabalho.
Não bastassem
os vírus, bactérias e que tais, que fazem parte da natureza e invadem nossos
corpos quando de alguma forma baixamos a guarda – e aqui abro um parêntesis
para lembrar que nós, ipiranguistas, temos que fazer a nossa parte para acabar
com a proliferação do mosquito da dengue -, o ser humano usa sua inteligência
para criar outros tantos para invadir nossos relacionamentos, nossa intimidade
e de certa forma nossa alma.
Fico pensando sobre
o que leva pessoas com uma capacidade técnica tão superior às demais a se
comportar de forma tão sem sentido, eles próprios invasores da vida alheia e,
portanto, pouco mais (ou menos) que amebas, quando poderiam se dedicar a alguma
atividade para melhorar as já tão conturbadas relações humanas.
Se essas
mentes privilegiadas ocupassem parte de seu tempo a auxiliar crianças e jovens
carentes a entender a importância da informática para a construção de um mundo
melhor, colocando suas inteligências a favor da educação e da cultura, talvez
descobrissem o inefável prazer da missão cumprida, que se revela num simples
olhar repleto de gratidão.
Quantos de
nós, simples mortais, provavelmente com um Q.I. muito inferior ao desses
inconsequentes “cibercriminosos”, se entregam humildemente à difícil tarefa de
construir relações mais dignas carregando na bagagem apenas uma pitada de amor.
É essa troca de experiências e conhecimento, compaixão e doação que dá algum sentido
à complexa condição humana.
Fica a
sugestão, até porque a partir de agora quem invadir computador pode pegar até
três anos de prisão (Lei Carolina Dieckmann).
* A autora escreve neste espaço
toda segunda sexta-feira do mês. Suas publicações sobre temas abrangentes da
experiência humana podem ser acessadas parcialmente nas Redes Sociais e no
blog
www.novaeleusis.blogspot.com
** A ilustração é de Danilo
Marques, cujos trabalhos estão disponíveis na Pág. ILUSTRADOR DANILO MARQUES do
facebook e no site
www.danilomarques.com.br
Publ. no Jornal “Gazeta do
Ipiranga” em 12/04/2013, Cad.D-4.