quinta-feira, 25 de abril de 2013


“Em dança 

 voluptuosa 

palavras  

cheias 

de prosa 

faiscam 

qual pirilampos 

a iluminar 

caminhos 

aos meus 

sonhos. 

Despidas 

de seus 

verdadeiros 

significados 

ou travestidas 

da sabedoria 

que não 

possuo 

desfilam 

sedutoras   

a incitar 

desejos 

literários 

atraindo 

letras 

flutuantes 

que  se 

digitam 

a si mesmas 

a saltar 

entre as teclas 

da imaginação.”

 

sc/ 23/08/2012.

quarta-feira, 24 de abril de 2013


“O que oprime 

o meu peito 

é ver o preconceito 

encontrar guarida 

na sociedade

uma falta de respeito 

que mina  o convívio  

promove a discórdia 

infelicita a vida 

tamanha indignidade 

que nada redime 

sejam quais forem 

as alegações do insano   

que em sua ânsia 

por notoriedade   

poder e riqueza 

alimenta a ignorância 

com sagacidade 

e se crê humano  

enquanto dissemina  

e banaliza a crueldade.” 

 

 

 

terça-feira, 23 de abril de 2013


Nunca é demais lembrar e refletir sobre a importante metáfora contida nessa velha história, que ouvi alhures e retransmito com minhas palavras:

 

(En)formando preconceitos 

 

Maria, seis aninhos: Mamãe, posso ficar na cozinha pra aprender a cozinhar com você?  A mãe, orgulhosa de seu papel de educadora: Pode sim, filhinha. Veja: agora a mamãe está cortando a cabeça do peixe antes de pôr pra assar.   Maria: E porque a gente tem que cortar a cabeça do peixe antes de assar?    A mãe, pensando pela primeira vez no assunto:  Bem... não sei... faço isso porque foi assim que minha mãe me ensinou.   Maria, dirigindo-se à avó: Vó, porque a gente tem que tirar a cabeça do peixe antes de assar?     A avó: Não sei, querida. Foi minha mãe que ensinou. Já que é tão curiosa, pergunte a ela.    Maria: Ô bisa, você sabe me dizer porque a gente tem que tirar a cabeça do peixe antes de assar?    A bisavó, do alto de sua experiência: Porque não cabe na fôrma, ora! 

 

Sc/22/04/2013

N.B.: Hisrtória de domínio público, reelaborada ao estilo de meu “microcontos macrorrealistas”, nos quais as personagens Maria e Mariazinha representam, respectivamente,a mulher contestadora – sempre pronta a construir novos caminhos – e a mulher que “deixa pra lá” porque não quer, não sabe ou não pode (re)agir.

 

 

segunda-feira, 22 de abril de 2013


A família do Vovô

 

                                                                         Suzete Carvalho*

 

Envolvidos com as mazelas do cotidiano social, que a mídia insiste em fazer ecoar aos quatro ventos invadindo nossos lares com notícias escabrosas, nem sempre nos damos conta de quanto somos privilegiados por poder escapulir para um ambiente familiar ampliado, de fácil acesso, que oferece espaços de integração para pessoas de todas as idades.

O fato é que, numa simples crônica seria impossível descrever todas as inovações, conquistas, construções e - diga-se a bem da verdade -, dificuldades de toda ordem superadas com galhardia por associados, diretores e funcionários do CAY, de que fui testemunha e, por vezes, partícipe direta ou indiretamente durante os últimos quarenta anos.

Ninguém vive tantas décadas incólume.  As histórias vivenciadas ou assistidas ficam ali, encapsuladas na Memória, à espera de serem libertadas.  Causos que se prezam precisam ser narrados, ganhar mundo, oferecer-se à experiência do outro para que as dores ou alegrias neles contidos possam agregar, na (re)contextualização, algum sentido à vida de quem os lê.

Lembro-me de uma situação especial em que, ao acabar de receber uma notícia triste, que muito me afetou, deparei com uma das mais autênticas expressões de compaixão no olhar de uma funcionária da “Casa”, a quem até hoje tenho como a uma filha. Braços estendidos a me amparar, a jovem revelou com humildade sua empatia, em nome de todos, ao declarar: “Conte conosco”.

Também é fato que nem sempre nos damos conta de que toda essa infra-estrutura e união não seriam possíveis sem o trabalho voluntário dedicado à nossa comunidade -  essa família ypiranguista unida pela amizade e interesses comuns -, por tantos homens e mulheres de garra, que fizeram e fazem a grandeza e respeitabilidade do nosso centenário “Vovô da Colina”.

 

*A autora é patrona da Biblioteca-Centro de Estudos e ex-Diretora Cultural do CAY.  Alguns de seus escritos em prosa e verso podem ser acessados e comentados no blog novaeleusis.blospot.com e na Página NOVA ELEUSIS do facebook.

Publ. in Revista do Ypiranga nº 163, jan/fev/2013, pág. 13.

 

 

 

sábado, 20 de abril de 2013


A chefe: Maria, precisamos ter uma conversa séria.   Maria, preocupada:  Que aconteceu?    A chefe: Vai me dizer que você não sabe?    Maria, ainda mais preocupada: Nem imagino!   A chefe: Pois é, não estou gostando desses falatórios!   Maria, começando a ficar assustada: Pelo amor de Deus!Sobre o que a senhora está falando?    A chefe: Você realmente não sabe que essa uma com quem você sai daqui todos os dias é (diminuindo a voz) l é s b i c a?    Maria: Essa uma se chama Edith e é minha amiga. Sobre a opção sexual dela, estou sabendo agora, pela boca da senhora, e não entendi o problema!    A chefe:Você não tem vergonha? Pois vá encontrá-la fora do prédio, que aqui não admito essas coisas!   Maria: Que coisas, exatamente?   A Chefe: Assunto encerrado!Se quer ficar mal falada, problema seu, mas não me desafie!!!

sc/20/04/2013.

Microconto macrorrealista, inspirado em lembranças “detonadas” pelo excelente artigo (linkado no facebook) “Você não tem vergonha de ser amigo daquele cara?”, da lavra do Jornalista Leonardo Sakamoto.

Olhar 

 

Olho o mundo 

com o coração aberto 

quando gosto 

gosto  e canto 

quando não gosto 

finjo que não vejo 

calo meu desencanto

mas desperto 

no entanto

se o que vejo  

ou o que ouço  

me  oprime o peito 

agride meus ouvidos 

minhas convicções 

como o desrespeito 

e as discriminações 

então sinto pruridos 

perco a noção 

transgrido os sentidos

e desolada me permito  

fazer coro com o grito 

Dos excluídos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013


Quem pode pode

 

“Quem está fora 

não entra 

quem está dentro 

não sai 

quem se queixa 

é abafado 

e não escapa 

ninguém 

quem pode 

pode e não deixa 

que alguém 

ameace o centro 

do poder consolidado.”

 

 

 

quarta-feira, 17 de abril de 2013


COLUNA DA SUZETE

 

Invasão de privacidade

 

                                                                       Suzete Carvalho*

                                                                     

Semana passada, logo após eu haver lido uma matéria de Marion Strecker na Folha de S.Paulo (1º/04, Cad.F6) a respeito do aumento de links maliciosos, intitulada “Traição”, deparei com uma matéria veiculada nas Redes Sociais a respeito da invasão de hackers a sites de importantes Bancos brasileiros, como o  Banco do Brasil, o que me fez lembrar de um fato ocorrido comigo já há algum tempo.

Embora eu sempre tome todas as precauções para me proteger (e aos meus escritos) desses ataques, um vírus conseguiu entrar em meu computador – nem imagino como – e encaminhou um e.mail vulgar a todas as pessoas e instituições que faziam parte de minha agenda pessoal, inclusive algumas autoridades com as quais, em algum momento, mantive relações de trabalho.

Não bastassem os vírus, bactérias e que tais, que fazem parte da natureza e invadem nossos corpos quando de alguma forma baixamos a guarda – e aqui abro um parêntesis para lembrar que nós, ipiranguistas, temos que fazer a nossa parte para acabar com a proliferação do mosquito da dengue -, o ser humano usa sua inteligência para criar outros tantos para invadir nossos relacionamentos, nossa intimidade e de certa forma nossa alma.

Fico pensando sobre o que leva pessoas com uma capacidade técnica tão superior às demais a se comportar de forma tão sem sentido, eles próprios invasores da vida alheia e, portanto, pouco mais (ou menos) que amebas, quando poderiam se dedicar a alguma atividade para melhorar as já tão conturbadas relações humanas.

Se essas mentes privilegiadas ocupassem parte de seu tempo a auxiliar crianças e jovens carentes a entender a importância da informática para a construção de um mundo melhor, colocando suas inteligências a favor da educação e da cultura, talvez descobrissem o inefável prazer da missão cumprida, que se revela num simples olhar repleto de gratidão.

Quantos de nós, simples mortais, provavelmente com um Q.I. muito inferior ao desses inconsequentes “cibercriminosos”, se entregam humildemente à difícil tarefa de construir relações mais dignas carregando na bagagem apenas uma pitada de amor. É essa troca de experiências e conhecimento, compaixão e doação que dá algum sentido à complexa condição humana.

Fica a sugestão, até porque a partir de agora quem invadir computador pode pegar até três anos de prisão (Lei Carolina Dieckmann).

 

 

* A autora escreve neste espaço toda segunda sexta-feira do mês. Suas publicações sobre temas abrangentes da experiência humana podem ser acessadas parcialmente nas Redes Sociais e no blog www.novaeleusis.blogspot.com

** A ilustração é de Danilo Marques, cujos trabalhos estão disponíveis na Pág. ILUSTRADOR DANILO MARQUES do facebook e no site  www.danilomarques.com.br 

 

Publ. no Jornal “Gazeta do Ipiranga” em 12/04/2013, Cad.D-4.