A família do Vovô
Suzete Carvalho*
Envolvidos com as mazelas do cotidiano social, que a mídia
insiste em fazer ecoar aos quatro ventos invadindo nossos lares com notícias
escabrosas, nem sempre nos damos conta de quanto somos privilegiados por poder
escapulir para um ambiente familiar ampliado, de fácil acesso, que oferece
espaços de integração para pessoas de todas as idades.
O fato é que, numa simples crônica seria impossível descrever
todas as inovações, conquistas, construções e - diga-se a bem da verdade -,
dificuldades de toda ordem superadas com galhardia por associados, diretores e
funcionários do CAY, de que fui testemunha e, por vezes, partícipe direta ou
indiretamente durante os últimos quarenta anos.
Ninguém vive tantas décadas incólume. As histórias vivenciadas ou assistidas ficam
ali, encapsuladas na Memória, à espera de serem libertadas. Causos que se prezam precisam ser narrados,
ganhar mundo, oferecer-se à experiência do outro para que as dores ou alegrias
neles contidos possam agregar, na (re)contextualização, algum sentido à vida de
quem os lê.
Lembro-me de uma situação especial em que, ao acabar de
receber uma notícia triste, que muito me afetou, deparei com uma das mais
autênticas expressões de compaixão no olhar de uma funcionária da “Casa”, a
quem até hoje tenho como a uma filha. Braços estendidos a me amparar, a jovem revelou
com humildade sua empatia, em nome de todos, ao declarar: “Conte conosco”.
Também é fato que nem sempre nos damos conta de que toda essa
infra-estrutura e união não seriam possíveis sem o trabalho voluntário dedicado
à nossa comunidade - essa família ypiranguista
unida pela amizade e interesses comuns -, por tantos homens e mulheres de
garra, que fizeram e fazem a grandeza e respeitabilidade do nosso centenário “Vovô
da Colina”.
*A autora é patrona da Biblioteca-Centro de Estudos e
ex-Diretora Cultural do CAY. Alguns de
seus escritos em prosa e verso podem ser acessados e comentados no blog
novaeleusis.blospot.com e na Página NOVA ELEUSIS do facebook.
Publ. in Revista do Ypiranga nº 163, jan/fev/2013, pág. 13.
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