domingo, 30 de junho de 2013


                                                   Brioches
A amiga (há quatro décadas): “Mariazinha, já que você é tão inteligente, lê tanto, escreve tão bem, por quê você não diz o que pensa sobre o governo militar?”. Mariazinha: “Porque eu sou covarde e preciso do meu emprego. Simples assim.”    A “amiga” (há quatro dias): “Maria, já que você é tão inteligente, lê tanto, escreve tão bem, por quê você apoia esse governo que usa o “nosso” dinheiro pra distribuir ‘bolsa família’ e incentivar a vagabundagem?”.   Maria: “Porque sou grata à vida, que nos dá oportunidade de nos redimirmos de nossa covardia”.  A amiga: “Não entendi...  Maria, acorda(!), eu estou falando com você!”.   Maria, ‘acordando’: “Desculpe, eu me distraí olhando a sua bolsa.  Linda, né?”.  A “amiga”, com ar importante: “É Vuitton. Comprei em Paris.”   Maria: “Ah! Agora vamos à sua pergunta...”.    A amiga, interrompendo: “Deixa esse papo pra lá e vamos ao lanche. Advinha o que eu mandei a cozinheira preparar!”.   Maria: “Brioches?”...”

 

sc/25/06/2013.  Da série “Microcontos macrorrealistas”. Postada hoje, tb em m/Mural no Facebook.     

terça-feira, 25 de junho de 2013


Acredito que os conceitos abaixo, sobre os quais venho trabalhando há mais de uma década, podem ser objeto de reflexão neste complexo momento pelo qual a sociedade está passando.

 

VIOLÊNCIA  E  CIDADANIA - UM  DIÁLOGO  IMPOSSÍVEL

 

 

Violência é o uso da força - física ou não - para constranger ou para coagir alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.  É agressão, conduta destrutiva que, em princípio, não se confunde com a agressividade, entendida esta como força ou dinamismo necessário até mesmo à sobrevivência. Assim, a agressividade geralmente é positiva, enquanto a violência é sempre negativa.  Violência ou agressão era a forma de solução de conflitos pré-jurídica, em que se utilizavam as vias de fato, às quais mais tarde vieram a sobrepor-se as vias de direito.  Toda violação de direito é, portanto, uma espécie de violência.

 

(...)

 

Violência simbólica - Por outro lado, um pequeno número de privilegiados que detêm o poder sócio-político, midiático ou econômico, alia-se na criação de formas hábeis de manutenção de seu status, agindo em geral subrepticiamente, com receio de perder a hegemonia.

         Não sendo física, essa invisível “violência doce da razão”, geralmente passa despercebida inclusive por aqueles contra quem se destina, cuja ingênua cumplicidade acaba por legitimar a imposição, ajudando a neutralizar as possíveis reações, pela consensualidade.

 

(...)

 

Alguns, mais conscientizados, movimentam-se no sentido de uma participação efetiva em busca de melhores paradigmas, esquivando-se das torrentes manipulatórias e procurando apreender o verdadeiro significado dos acontecimentos, sem se deixar levar pela visão estereotipada com que lhes são apresentados.  Reconhecem, assim, a premência de uma participação ativa de todos os atores sociais para que se efetive a necessária mudança de comportamento mental, que deve preceder as transformações sócio-político-econômicas.

 

(...)

 

Ser cidadão, portanto, é aplicar e fazer aplicar concreta e indiscriminadamente os direitos (e deveres) humanos, tirando-os de sua condição de mera abstração e desvirtuamento; é reconhecer os pontos de fragilidade do sistema e envidar esforços para sua superação, participando efetivamente da busca de soluções que nos beneficiarão a todos. Assim, o alcance da cidadania plena não se coaduna com a violência sob qualquer de suas formas.

 

 

sc/ Extratos de palestra ministrada no Espaço “Creche da Cidadania”, na Livraria Ícone, em S.Paulo, no dia 23/04/2001, publ. na íntegra, sob o título acima, in Thot 76/2001, pág.37/42.

 

 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Educação com Afeto


COLUNA DA SUZETE

 

                                               Educação com afeto

 

                                                                                                                                                      Suzete Carvalho*

 

Talvez pela sensibilidade exacerbada com que a idade nos brinda, o mês de maio soou a meus olhos e ouvidos já um tanto cansados, como um mês atípico em minha vida pessoal, pleno de acontecimentos “fortes” – uns muito bons, outros nem tanto -.  Refletindo sobre essas experiências, entendi oportuno compartilhar com os leitores e leitoras aquela que apreendi como uma lição a ser, talvez, replicada.

Antes de passar ao fato em si, cabe lembrar que a Memória é fator imprescindível para que se possa preservar o conhecimento adquirido pelo ser humano.  Nossos antepassados sabiam disso e, antes mesmo que a escrita fosse inventada, faziam a sua parte narrando suas experiências de vida às novas gerações. Com a vida moderna, as famílias foram perdendo o hábito da “contação de histórias” o que, de alguma forma, fez com que as crianças perdessem um pouco suas raízes.

Por esses motivos, achei muito interessante o projeto de preservação da memória familiar concebido por uma Escola de Educação Infantil, para o qual, na condição de avó, fui uma das convidadas para contar uma história pessoal, respaldada por fotos de família, para meninos e meninas entre 4 e 6 anos. A participação das crianças, sua curiosidade e entusiasmo, e o apoio discreto e amoroso da jovem professora Juliana, demonstraram que pode (e deve), sim, haver diálogo entre as gerações.

O projeto transcende o resgate das histórias familiares, incentivando também o amor pela leitura e pela escrita, ao propor a recontação coletiva dessas histórias pelas próprias crianças, com vistas à edição de um livro artesanal a ser lançado e autografado pelos escritores e escritoras-mirins, com a presença de familiares e convidados, em evento de encerramento das atividades do semestre. Fica a dica.

Enfim, acredito importante registrar aqui ainda, uma sincronicidade ou, se preferirem, uma “coincidência significativa”. Estava terminando de escrever esta crônica quando recebi uma inspiração extra pelas Redes Sociais, via Cláudio Salles: “Educação é tudo. Educação sem afeto é quase nada.”   Minha conselheira Dª Nena, sempre pronta a deixar sua marca, complementa: “Sim, é isso! Educação com afeto, por uma Cultura de Paz”.

 

*A autora escreve neste espaço toda segunda sexta-feira do mês. Alguns de seus demais escritos podem ser acessados e comentados no facebook, no tuiter e no blog www.novaeleusis.blogspot.com  

**A ilustração é de Danilo Marques, cujos trabalhos estão disponíveis na Pág. ILUSTRADOR DANILO MARQUES, do facebook e no site www.danilomarques.com.br

 

 

  

 

 

sábado, 8 de junho de 2013


“Misteriosa 

e deslumbrante 

a vida  segue  adiante 

depressa demais   

para meus passos

de  pessoa idosa. 

 

Nos braços da poesia 

tento acompanhá-la 

mas fria e ardilosa 

por entre os dedos 

me escapa  e segue... 

cheia de prosa.   

 

Sigo-lhe o rastro colorido 

e quando penso alcançá-la

restam-me nas mãos 

apenas alguns suaves 

diria mesmo desbotados 

tons de azul e rosa.” 

 

sc/08/06/2013