Exortação
para a Paz
Suzete Carvalho*
Em célebre discurso na Assembléia
das Nações Unidas, José Mujica, Presidente do Uruguai, referiu-se a uma das
mais famosas assertivas de Einstein: “Não há maior absurdo do que querer mudar
os resultados repetindo sempre a mesma fórmula”. Refletindo a respeito dessa sábia afirmação,
me ocorreu que nem sempre nos apercebemos do quanto somos repetitivos, seja em
nossas palavras, seja em nossas ações.
De alguma maneira, o dizer
científico de Einstein se encontra com a sabedoria arquimilenar de algumas
religiões, como o hinduísmo, o budismo e o próprio cristianismo, que utilizam
os mantras como fórmulas que, de tanto serem repetidas, se aninham em nossos
corações e nossas mentes, influenciando nossa forma de ser e de estar no mundo.
Como lembra minha conselheira Dª
Nena, diante desses ensinamentos é necessário que fiquemos alertas a respeito do
uso da palavra ‘violência’ que vem sendo repetida à exaustão, a ponto de se
impregnar inclusive em nossas emoções e corromper nossos relacionamentos.
Amplificado pela mídia, o medo nos coloca em um neurótico ‘estado de atenção’,
que nos faz reagir a qualquer movimento que nos pareça estranho.
Por outro lado, em que pese seu
lado consumista, consola-nos saber que ainda há esperança de reverter esse
quadro: as festas de fim de ano, especialmente as natalinas, tiveram o condão
de fortalecer a palavra ‘Paz’, a mais enunciada nos votos reciprocamente
trocados ente familiares e amigos(as), numa espécie de clamor oriundo do mais
profundo de nosso ser que encontrou eco mundo afora, com a rapidez de um raio,
ainda que virtualmente.
Embora a afirmação possa parecer
absurda às pessoas que não militam nas Redes Sociais, testemunhei pessoalmente
essa ‘força’ quando, ao postar à Zero Hora do dia primeiro do ano uma foto em
que fazia um pequeno ritual pela Paz no Mundo ao lado de minhas netas, fui contemplada
em poucos minutos com o ‘retorno’ (por via de ‘curtidas’ ou comentários), de amigos(as) residentes ou em viagem de
férias, em várias partes do planeta como, entre outros(as), Bibhu Prasad,
nepalense que reside em Dubai e Jô Ramos, jornalista carioca em passagem por
Paris de onde segue para Lisboa em seu mister de divulgar o trabalho de escritores e escritoras brasileiras .
Enfim, possamos nós fazer em 2014
uma verdadeira “exortação à Paz”, como propôs em comentário à minha postagem, o
arquivologista carioca, pesquisador de Cultura, Religião e Movimentos Sociais,
Glauco Rocha, adotando-a como um verdadeiro mantra ou, se preferirem, como a
fórmula a ser repetida e repetida até que se instale em nós de forma a fazer
com que “sejamos nós a paz que desejamos ao mundo”. Enfim, para usar as
palavras do Dalai Lama em sua Mensagem
de Ano Novo, enviada de Karnataka, na Índia: “...tentar criar a paz interior em
primeiro lugar dentro de nós e em seguida, compartilhar com outras pessoas para
construir um ano feliz”.
*A autora escreve neste espaço
toda segunda sexta-feira do mês.
Publ. no Jornal “Gazeta do Ipiranga”
nº 2828, 10/01/2014, pág. C-6.