sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Exortação para a Paz


                                               Exortação para a Paz

 

                                                                                                                                                      Suzete Carvalho*

 

Em célebre discurso na Assembléia das Nações Unidas, José Mujica, Presidente do Uruguai, referiu-se a uma das mais famosas assertivas de Einstein: “Não há maior absurdo do que querer mudar os resultados repetindo sempre a mesma fórmula”.  Refletindo a respeito dessa sábia afirmação, me ocorreu que nem sempre nos apercebemos do quanto somos repetitivos, seja em nossas palavras, seja em nossas ações.

De alguma maneira, o dizer científico de Einstein se encontra com a sabedoria arquimilenar de algumas religiões, como o hinduísmo, o budismo e o próprio cristianismo, que utilizam os mantras como fórmulas que, de tanto serem repetidas, se aninham em nossos corações e nossas mentes, influenciando nossa forma de ser e de estar no mundo.

Como lembra minha conselheira Dª Nena, diante desses ensinamentos é necessário que fiquemos alertas a respeito do uso da palavra ‘violência’ que vem sendo repetida à exaustão, a ponto de se impregnar inclusive em nossas emoções e corromper nossos relacionamentos. Amplificado pela mídia, o medo nos coloca em um neurótico ‘estado de atenção’, que nos faz reagir a qualquer movimento que nos pareça estranho.

Por outro lado, em que pese seu lado consumista, consola-nos saber que ainda há esperança de reverter esse quadro: as festas de fim de ano, especialmente as natalinas, tiveram o condão de fortalecer a palavra ‘Paz’, a mais enunciada nos votos reciprocamente trocados ente familiares e amigos(as), numa espécie de clamor oriundo do mais profundo de nosso ser que encontrou eco mundo afora, com a rapidez de um raio, ainda que virtualmente.

Embora a afirmação possa parecer absurda às pessoas que não militam nas Redes Sociais, testemunhei pessoalmente essa ‘força’ quando, ao postar à Zero Hora do dia primeiro do ano uma foto em que fazia um pequeno ritual pela Paz no Mundo ao lado de minhas netas, fui contemplada em poucos minutos com o ‘retorno’ (por via de ‘curtidas’ ou comentários),  de amigos(as) residentes ou em viagem de férias, em várias partes do planeta como, entre outros(as), Bibhu Prasad, nepalense que reside em Dubai e Jô Ramos, jornalista carioca em passagem por Paris de onde segue para Lisboa em seu mister de divulgar o trabalho de  escritores e escritoras brasileiras .

Enfim, possamos nós fazer em 2014 uma verdadeira “exortação à Paz”, como propôs em comentário à minha postagem, o arquivologista carioca, pesquisador de Cultura, Religião e Movimentos Sociais, Glauco Rocha, adotando-a como um verdadeiro mantra ou, se preferirem, como a fórmula a ser repetida e repetida até que se instale em nós de forma a fazer com que “sejamos nós a paz que desejamos ao mundo”. Enfim, para usar as palavras do  Dalai Lama em sua Mensagem de Ano Novo, enviada de Karnataka, na Índia: “...tentar criar a paz interior em primeiro lugar dentro de nós e em seguida, compartilhar com outras pessoas para construir um ano feliz”.

 

*A autora escreve neste espaço toda segunda sexta-feira do mês.  

Publ. no Jornal “Gazeta do Ipiranga” nº 2828, 10/01/2014, pág. C-6.